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тιago, 18 anos. Um rapaz como os outros que encontra demasiadas coisas por entre as coisas que devem ser notadas. E este é um espaço meu, entre todas as outras coisas.


 


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Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012

Ensanguentado(s).

 

 

Um passo, outro passo. Respira. Mais um passo, mais outro passo. Cada passo, mais longe. Longe do mundo, longe do ponto de partida. Respira. Novamente mais um passo, novamente mais outro passo. Cada passo, mais perto. Perto dela, perto do ponto de chegada. Respira. E é pé ante pé que se vai aproximando. Não o suficiente. O corredor embelezado de espelhos era longo. A sua mostra repetida era quase ilimitada. Pelo menos enquanto ele se mantivesse de encontro aos espelhos. Não sabia como estava, não conseguia sentir. Todo ele era cego. Todo ele não possuía qualquer sensação. Podia olhar, não via. Dentro dele? Só um coração que nem batia. Mas era na sua cegueira que os seus olhos se mostravam frios. Na sua mão vigorava a frieza. Na outra, a sede do toque. Mal sabia ele que a sua boca ansiava algo mais. E numa passada larga chegou diante do seu corpo. Estava ela caída sobre o chão gélido mergulhada numa mancha encarnada. Teria ela encarnado? O seu corpo estava ali, meio pintado de vermelho, meio pintado de branco. Ele seguiu na direção dela. Foram segundos. Demoraram séculos. Antes de se ajoelhar a seu lado, engoliu a seco. A sua língua clamava por algo forte. O aroma a sangue enganava-lhe o olfato com a vida confundida com a morte. O desejo tomou conta dele, e baixou-se próximo ao chão. Como apoio, usou as mãos. Primeiro uma, depois a outra. Assim que a primeira tocou o sangue, ele sentiu-se tentado; depois a outra, que o puxou. Ela tinha as mãos abertas. A cima delas, nos pulsos, dois golpes distintos em cada um dos braços. Eram as fontes da sua morte. Largou-se de um dos seus suportes, e levou essa mão de encontro a uma das dela. Aquele toque podia tê-la feito morrer. Mas a morte não acontece duas vezes como os erros. Focou-se nos olhos dela e viu o quanto abertos estavam. Vazios, no entanto. A sua alma já daquele corpo tinha fugido. Mas não por ter morrido. Mas por ter vivido. Respira. Ergue no ar a mão que dela tocou, e inclina a sua cara em direção a ela. Puxa-a até lhe atingir o rosto como que num mimo. O toque despertou-lhe a sede em duplicado. Olha o nada no teto e decide avançar. Lambe-lhe o corte e mergulha a língua nas suas veias interrompidas. Doce beijo. Respira. Saboreia. Das veias dela para as dele, o êxtase. A boca dele ensanguentada, os lábios dele mais vermelhos. E é com voracidade que a pega pelas costas e a abraça. Depois beija-a. O beijo mais forte das vidas deles. E deixa-a cair repentinamente de novo naquela poça. O impacto faz espirrar pequenas gotas de encontro ao redor deles. E então ele, fraco, deita-se a seu lado, naquela mancha no chão. Ensanguentado, amarra-se a ela e sussurra-lhe ao ouvido: “Amor, nós vamos morrer.”. E ele, nesse momento, morre. Do veneno que acabara de saborear. E ela, nesse momento, deita uma lágrima. Uma lágrima que vem a terminar o seu percurso caída no sangue no chão.


left by тιago às 18:02
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De Daniela a 26 de Janeiro de 2012 às 21:01
Muito jeito até :/


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