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тιago, 18 anos. Um rapaz como os outros que encontra demasiadas coisas por entre as coisas que devem ser notadas. E este é um espaço meu, entre todas as outras coisas.


 


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Quinta-feira, 22 de Março de 2012

Peso.

 

Repousando sobre o bruto conforto de uma qualquer pedra descansando ela mesma na margem de um qualquer lago perdido entre a terra e um mar longínquo o suficiente para não ser visto. Isso da distância sempre a limitar o nosso campo de visão. Mas ele limitava-se com a suficiência do que via diante do seu corpo sentado ali: a água, as aves, o verde natural da paisagem. Uns metros algures, numa das quaisquer direções, passeavam pessoas que, definidas pelas razões de ali estarem também, o iam felizmente desprezando como se a sua presença naquele lugar fosse contrariamente a sua ausência. Escolhera o dito sítio para refletir sobre a água o seu rosto. Mas a opacidade do líquido, numa mistura de terra e água, nem tampouco deixava a sua sombra tingir levemente de escuro a superfície. Distorcidamente, era possível ver a imponência das três pequenas árvores que o cercavam e escondiam, nada mais. Estar escondido reconfortava-o mais do que a pedra que no plano físico o suportava ali. Tentou chamar alguns cisnes para lhe serviram de companhia. Mas, não tendo ele como atraí-los, nem mesmo um pequeno pedaço de pão que seria suficiente, permaneceu completamente sozinho. Afogou o olhar perto dos seus pés, onde jaziam vivas pequenas ervas daninhas que surgiam de uma concavidade preenchida em tempo por lama derivada de uma enchente no lago e, sem qualquer intenção destruidora, arrancou uma folha leve e larga de uma delas. Sentiu-a pelos dedos, na sua frescura natural, e, de seguida, atirou-a num gesto rápido à água. Ficou boiando como se dali só saísse caso a tirassem. Ou então, ficaria ali até que secasse e fosse completamente distinguida como morta. Arrancou uma outra folha, a uma outra erva, esta mais pequena, mas mesmamente de folhas leves. Repetiu o processo anterior. O resultado observado fora o mesmo, como seria de esperar. Então, arrancou pela raiz a diminuta planta de onde arrancara a primeira folha, e esta, vindo acompanhada com terra que trazia presa, mostrava-se mais pesada. Atirou-a ao lago. Ela imergiu completamente, deixando bolhas de ar até que, dez segundos depois, tenha semelhado ter parado de respirar, talvez no fundo depositada. Arrancou a segunda planta, mais pequena, que com raízes proporcionais às suas dimensões, trouxe com ela uma, comparativamente à anterior, menor quantidade de terra. Ele lançou-a à água e ela manteve-se à tona. Lembrara-se então da frase que lera na Bíblia: ‘Tu és pó e ao pó hás de tornar.’. Era a explicação mais plausível para que a planta que mergulhara com mais terra se tenha afundado. Reparemos: a terra é pó, e nós, pecadores, somos pó que dela faremos parte um dia, seguindo o hábito. E o pecado, aquilo que consideramos errado e cometemos, pesa-nos na consciência. E o pó que virá de nós traduzirá isso em gramas, que serão o peso da nova terra. A terra que existe agora, essa, é resultado do pó humano de outros tempos. Um pó pesado que leva ao fundo aqueles que pecam ou se agarram vivendo dele, num peso que ficara. 


left by тιago às 19:55
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De * wild * a 24 de Março de 2012 às 10:34
Pois não (:


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