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тιago, 18 anos. Um rapaz como os outros que encontra demasiadas coisas por entre as coisas que devem ser notadas. E este é um espaço meu, entre todas as outras coisas.


 


between.




Domingo, 19 de Fevereiro de 2012

naquela rua.

 

 

Como se o desejo tivesse tomado conta dele, domado, ele ansiava-a. Aquela rapariga jovem dona de curvas irresistivelmente suscetíveis de o fazer quere-la, passeava naquela noite pela mais remota rua da cidade. Pensava ela que longe dos olhares de um público que ela mesmo não pretendia ter, longe de qualquer pessoa ou foco de atenção. Ela sabia do que o seu corpo tinha capacidade. Se não era capaz de hipnotizar, colava os olhares dos homens, como que magnetizados por tão deslumbrante visão. Fazia-os saciar de desejo. E não era o seu vestido branco mais simples que faria desaparecer essa sua capacidade exterior. Era atraente, sabia-o bem. Poderia ter qualquer rapaz aos seus pés, mas ela fazia por ser discreta ao invés. Mas os olhares masculinos, uns menos puros que outros, não se deixavam levar nas tentativas em tudo falhadas dela se mostrar menos vistosa. Sempre que saía à rua, lembrava-se de todos os piropos de que já foi, diga-se, vítima. Fazia por uma não repetição deles. Mas aquele rapaz escondido do nada na penumbra de um plátano centenário, que servia de sombra igualmente àquela rua, esperava-se também sozinho. Ele, mais uns carros solitários que de quando em vez se iam atravessando em direção a algum destino. E aquela rapariga foi avistada e, consequentemente, a sua sentença foi rabiscada num qualquer bloco mental de apontamentos do rapaz. Sensual, feminina. Passageira do momento, segue o passeio rua abaixo. Ele morde o lábio e impulsivamente decide segui-la como se tivessem ambos o mesmo destino, mesmo não o tendo sequer qualquer um dos dois. Ela apenas queria aproveitar para pensar na sua vida. Ele, que nem vida tinha, simplesmente estava ali. Ela, tão serena, seguia demasiado pensativa para se aperceber de que começava a ser como que escoltada por ele. Companheiros um do outro, sozinhos, iam seguindo. E, quando ela parou para olhar a lua e o céu estrelado, ele prosseguiu na direção dela. E quando ela voltou os olhos para o chão, a mão dele agarrou-a bruscamente, e sem que ela pudesse proferir um grito de pânico do súbito momento, ele silenciou-a instantaneamente.

Na manhã seguinte, ela era apenas um corpo ensanguentado encontrado naquela rua dona de maior movimento diurno. Silenciada para sempre, sabia-se então. Porém, igualmente deslumbrante. E ele continuava a não ter vida, num outro qualquer lugar.

Possivelmente, mesmo por detrás de ti.


left by тιago às 21:12
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De Autumn a 19 de Fevereiro de 2012 às 21:34
foi um corte de corrente que ouve cá em V. N. de Gaia e os pc's foram todos ao ar e olha. :c
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eu gostava era de poder vê-lo. a sério.
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omg, este texto. #favorite


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